sábado, 8 de janeiro de 2011

Nunes, o fotógrafo

* Bem, dia do fotógrafo, pra maioria dos fotógrafos é assim: dia de muito trabalho, ainda mais se esse dia for um sábado, já que o fim de semana sempre traz consigo vários eventos e lá estão eles disparando seus flahes. Cresci vendo o meu pai nessa rotina. Ontem a noite, fiz uma breve entrevista com ele e agora compartilho com quem a puder ler. É uma forma de homenagear, com essa história, a saga de vários fotógrafos anônimos que andam por aí registrando a vida, ao mesmo tempo em que ela  foge deles. Com vocês:

Amilcar Nunes Pereira, fotógrafo há 37 anos:

"Eu sou do Município de Anajás. Quando minha família se mudou toda pra Macapá, meu pai teve que vender nossa canoa a vela. Como parte do pagamento da canoa o comprador deu ao meu pai uma câmera Yashica 6x6. Como eu trabalhava com meu pai nessa canoa, ele me deu essa máquina, nessa época eu tinha 16 anos. Só que eu não sabia absolutamente nada de fotografia. Com primeiro filme que eu coloquei nessa câmera só consegui aproveitar 3 fotos. Para aprender um pouco sobre a fotografia eu comecei a perguntar para os fotógrafos mais experientes. Lembro também que eu tinha muita vontade de eu mesmo fazer minhas fotos, então eu trabalhei por um mês em um laboratório de revelação preto e branco que tinha aqui em Macapá sem remuneração, foi lá que eu aprendi a revelar.

O próprio, fotografado e revelado por mim, no clássico laboratório de luz vermelha

Uma vez apareceu um homem vendendo uma Olympus Pen, câmera muito cobiçada na época, que eu combinei de comprar, só que o dono do laboratório comprou na minha frente pra eu não ter câmera e continuar no laboratório dele.

Então eu fui aprendendo a fotografar e a revelar e onde tinha gente reunida eu tava com minha câmera para ver se os clientes queriam foto. Daí eu fui ganhando um dinheirinho e consegui comprar uma câmera melhor, mas ainda de segunda mão. Nessa época, 1977, eu fui servir ao exército e levei a câmera comigo, lá eu passei um ano e seis meses e, em vários meses, eu conseguia ganhar mais dinheiro com a fotografia do que com meu salário de soldado.

Quando eu saí do exército, eu encarei a fotografia pra valer, rodei vários municípios fotografando festas de santo, arraiais, boates, onde tinha festa eu ia fotografando. Com esse dinheiro eu consegui comprar uma parte do terreno onde hoje é o Foto Nunes. Na época eu lembro que meus amigos criticaram a idéia de eu ter montado um foto em uma ponte, porque antes, o bairro do trem era só mato. Montei uma lojinha pra bater 3x4 e pegar filme pra revelar. Consegui também montar um laboratório preto e branco, aí os filmes coloridos eu mandava pra Kodak de Recife, e lá eles revelam. Os preto e branco eu revelava aqui mesmo. Daí por diante as coisas foram melhorando, consegui comprar todo o terreno da minha loja.


            Com alguns anos, consegui montar o meu primeiro laboratório de revelação colorida em uma hora, isso foi em 1997, hoje nossa loja tem 27 anos, sempre no mesmo lugar e temos um laboratório digital que eu pensei que não ia consegui operar, mas aprendi sem muitos problemas. Passei por várias fases da fotografia: revelação preto e branco, slide, Polaroid, revelação colorida e agora revelação digital. Então essa é, resumidamente, minha história com a fotografia."

3 comentários:

  1. Bom... primeiramente parabéns a vc Ale e ao seu pai pelo dia do fotógrafo!!!
    E em segundo lugar achei muito interessante a história do s. Amilcar, adorei... são pessoas determinadas assim q realment fazem história...
    Ahhhh Ale, não sei se já pensaste, mas seria mt relevante principalmente dentro da idéia dos projetos do MIS um curta ou um documentário da história do teu pai não é!?!?

    bju!!!

    P.S.: Nhaaaaa, sonho d criança entrar num classico laboratório d fotografia d luz vermelha.

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  2. Caramba, legal a história. Sempre sonhei em ter um laboratório pra reverlar as minhas fotografias. Agora ja sei de onde vem o seu talento, não vai te gabar fifi. Um abraço.

    Lilian Monteiro

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  3. Valeu Lilian, obrigado pela visita. Apareça viu, andas sumida. Thally brigadão também o blog tá melhor com vcs por aqui.

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