terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Ao FIM


Esquizofrênico, assim é o cinema. Assim é o audiovisual em suas mais diversificadas formas. Não é a toa que quando dá célebre projeção de “Trem chegando à estação”, primeira exibição pública do cinematographo dos irmãos Lumièrre, vários dos presentes correram para fora da sala escura. Imagine-se, porém, que àquela época o cinema não era dotado de som, estéreo, sincrônico, soround 5.1 e outras coisas mais que podem catapultar a imersão provocada pelo audiovisual a níveis quase lisérgicos.

Depois disso, muitas teorias foram criadas, muitas linhas escritas, muitas palavras ditas e muitas imagens registradas. Uma infinidade de histórias foi posta em trânsito. Estereótipos foram criados, maneiras certas de se fazer foram tornadas canônicas para, logo em seguida, serem esfaceladas por salutares atos iconoclastas.

As diversas salas escuras do mundo fizeram os brancos de suas telas retumbarem uma retórica audiovisual que servira para muita coisa, inclusive como pretexto para mãos nada bobas tocarem em corpos que, sem o álibi do cinema, provavelmente nunca teriam tocado.

O que a fotografia fez em termos de verossimilhança o cinema levou ao extremo trabalhando com verossimilhança, movimento e som. A mimese por excelência, o homem-deus criando seus mundos a sua imagem e semelhança. É bem verdade que, levando para tanto, mais de seis dias, mas enfim, criaram-se mundos infinitos que depois que os créditos sobem, continuam ecoando em nossas mentes, estimulando nossas retinas e excitando nossas sinapses.

Espaço e tempo são assim mesclados, desagregados. Pouco importa se a primeira cena projetada foi a última a ser gravada/filmada. Pouco importa se a narrativa é cronológica ou psicológica. Se a fita é em cores ou em tons de cinza. Pouco importa se contarem o final porque ainda assim o caminho até ele precisa ser percorrido para que ele seja realmente entendido como fim. O que pode ser o FIM? O fim de um filme é a última frase do diálogo? A última imagem antes dos créditos? A última linha dos créditos? A luz violentamente acesa pelo lanterninha que machuca a retina? O fim de um filme é quando paramos de pensar nele? Não é a toa que, para que a próxima sessão comece a película, isso, a pele extremamente fina, deve ser rebobinada. Aqui o relógio anda para trás, a história se (des)conta e o que foi para uns o fim agora é o início. E outra sessão já pode começar. SEXTO FIM, rodando em sentido anti-horário!

6 comentários:

  1. Eu já disse que gostei desse texto?
    Gostei desse texto.

    ResponderExcluir
  2. Sorte de principiante....saiu assim, assim, sem querer...

    ResponderExcluir
  3. Ei, Cabeçudo! Muito bom o teu texto, vou acabar virando teu fã! :D

    ResponderExcluir
  4. Valeu DelBinho, como disse, as vezes, os iniciantes aCertam em cheio, parecem experientes...não sou experiEnte...por tanTo, tive sorte!Casaremos , um dia...rsrsrsrsrsrs

    ResponderExcluir
  5. Mas rapa! Isso não é coisa que se fale por internet, sabia?! Mas... Já não te falei pra ser mais discreto!? mas... vou ter de rejeitar... tu sabe que meu coração já tem dona!

    :D

    ResponderExcluir
  6. tava procurando o manifesto do ano... agora entendi :P - parabens, ficou excelente.

    ResponderExcluir